A infância é uma fase essencial do desenvolvimento humano, marcada pela
exploração do mundo por meio de brincadeiras, jogos e atividades lúdicas. Essas
experiências promovem a aprendizagem e o aprimoramento das habilidades
motoras, cognitivas, emocionais e sociais. As práticas corporais desempenham um
papel central nesse processo, proporcionando um ambiente seguro e estimulante
para que as crianças possam desenvolver suas potencialidades de forma integral.
O movimento humano, carregado de intenção e expressão, torna-se um
comportamento cheio de significado, favorecendo a interação e o desenvolvimento
da ide n t i d ad e inf a n t i l . .
A Educação Infantil tem como objetivo fundamental promover o desenvolvimento
integral das crianças em seus aspectos físicos, emocionais, sociais e cognitivos.
Nesse contexto, as práticas corporais desempenham papel crucial, pois possibilitam
vivências que contribuem para a construção do conhecimento, da identidade e da
autonomia infantil. Desde os primeiros anos de vida, a criança explora o mundo por
meio de gestos, ações e interações corporais. Nesse contexto, as práticas corporais
na Educação Infantil assumem um papel fundamental no desenvolvimento integral
da criança, abrangendo dimensões físicas, cognitivas, emocionais, sociais e
culturais. A Educação Física, enquanto componente curricular, deve ir além da mera
atividade física, proporcionando experiências significativas que contribuam para a
f o r m a ç ã o d e s u j e i t o s a u t ô n o m o s , c r í t i c o s e a t i v o s e m s u a r e a l i d a d e .
Este trabalho propõe uma reflexão sobre diferentes manifestações das práticas
corporais no ambiente escolar da Educação Infantil, explorando seis eixos temáticos
interligados: dança, anatomia funcional, fisiologia humana, lazer e recreação,
ginástica e lutas. Cada um desses componentes contribui, de maneira específica e
complementar, para o processo educativo da criança.
A dança, por exemplo, permite que a criança se expresse artisticamente e
desenvolva sua sensibilidade estética, ao mesmo tempo em que aprimora sua
coordenação motora e consciência corporal. Já o estudo da anatomia funcional e da
fisiologia humana fornece aos educadores o conhecimento necessário para planejar
atividades que respeitem os limites do corpo infantil, garantindo segurança e eficácia
no processo de ensino-aprendizagem.
As práticas relacionadas ao lazer e recreação desempenham papel estruturante na
infância, pois, por meio do brincar, da ludicidade e da interação com os pares, a
criança constrói vínculos afetivos, desenvolve habilidades sociais e amplia sua
compreensão do mundo. A ginástica, quando adaptada ao universo infantil, favorece
o desenvolvimento motor e a construção da autonomia, além de estimular a
organização do movimento e a percepção corporal. Por fim, a introdução das lutas
de forma lúdica e pedagógica oferece oportunidades para a criança aprender sobre
limites, respeito, autocontrole e cooperação, promovendo também o reconhecimento
da diversidade cultural.
A abordagem das práticas corporais na Educação Infantil deve, portanto, ser ampla,
crítica e inclusiva, valorizando o corpo como centro do processo educativo. Com
base em referências teóricas contemporâneas e nas diretrizes dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), este trabalho busca discutir como essas práticas
podem ser planejadas e aplicadas de maneira intencional, contribuindo para o
desenvolvimento integral das crianças.
Palavras-chave: práticas corporais, educação infantil, desenvolvimento motor,
ludicidade, aprendizagem.
ABSTRACT
Childhood is an essential phase of human development, marked by the exploration of
the world through play, games, and playful activities. These experiences promote
learning and the improvement of motor, cognitive, emotional and social skills. Body
practices play a central role in this process, providing a safe and stimulating
environment for children to develop their potential in an integral way. Human
movement, loaded with intention and expression, becomes a behavior full of meaning,
favoring interaction and the development of children’s identity.
Early Childhood Education has as its fundamental objective to promote the integral
development of children in their physical, emotional, social and cognitive aspects. In
this context, body practices play a crucial role, as they enable experiences that
contribute to the construction of knowledge, identity and children’s autonomy. From
the first years of life, children explore the world through gestures, actions, and body
interactions. In this context, bodily practices in Early Childhood Education play a
fundamental role in the integral development of the child, covering physical, cognitive,
emotional, social and cultural dimensions. Physical Education, as a curricular
component, must go beyond mere physical activity, providing meaningful
experiences that contribute to the formation of autonomous, critical and active
subjects in their reality.
This work proposes a reflection on different manifestations of bodily practices in the
school environment of Early Childhood Education, exploring six interconnected
thematic axes: dance, functional anatomy, human physiology, leisure and recreation,
gymnastics and fights. Each of these components contributes, in a specific and
complementary way, to the child’s educational process.
Dance, for example, allows children to express themselves artistically and develop
their aesthetic sensitivity, while improving their motor coordination and body
awareness. The study of functional anatomy and human physiology, on the other
hand, provides educators with the necessary knowledge to plan.
Activities that respect the limits of the child’s body, ensuring safety and effectiveness
in the teaching-learning process. Practices related to leisure and recreation play a
structuring role in childhood, because, through play, playfulness and interaction with
peers, children build affective bonds, develop social skills and broaden their
understanding of the world. Gymnastics, when adapted to the children’s universe,
favors motor development and the construction of autonomy, in addition to
stimulating the organization of movement and body perception. Finally, the
introduction of fights in a playful and pedagogical way offers opportunities for the
child to learn about limits, respect, self-control and cooperation, also promoting the
recognition of cultural diversity.
The approach to bodily practices in Early Childhood Education should, therefore, be
broad, critical and inclusive, valuing the body as the center of the educational
process. Based on contemporary theoretical references and the guidelines of the
National Curriculum Parameters (PCNs), this work seeks to discuss how these
practices can be planned and applied intentionally, contributing to the integral
development of children.
Keywords: body practices, early childhood education, motor development,
playfulness, learning.
Delineamento Metodológico
Este trabalho adota uma abordagem qualitativa e exploratória, com foco na análise
das práticas corporais no contexto da Educação Infantil. A pesquisa foi realizada a
partir de uma revisão bibliográfica e de observações práticas de atividades
pedagógicas aplicadas em instituições de ensino infantil, com o intuito de
compreender o impacto das práticas corporais no desenvolvimento das crianças. A
metodologia busca integrar teoria e prática, refletindo sobre como as diferentes
abordagens das práticas corporais podem ser aplicadas em consonância com as
necessidades e características da faixa etária estudada.
A pesquisa se baseia em duas fontes principais de dados: análise documental e
observação de campo. A análise documental abrange livros, artigos e outros
materiais acadêmicos que discutem a importância da Educação Física na infância,
abordando temas como dança, anatomia funcional, fisiologia humana, lazer,
ginástica e lutas. Esse levantamento teórico sustenta a argumentação do trabalho e
oferece uma compreensão mais ampla do contexto educacional.
A observação de campo, por sua vez, foi realizada em escolas de Educação Infantil,
em que foram analisadas práticas corporais como danças, jogos, atividades de
ginástica e lutas adaptadas. Durante esse processo, o objetivo foi observar as
reações das crianças, suas interações e como essas práticas influenciam seu
desenvolvimento motor, social e emocional. A observação permitiu verificar, na
prática, os benefícios e desafios das atividades propostas, além de fornecer
informações para uma análise crítica da aplicação pedagógica.
Além disso, as atividades observadas foram planejadas de acordo com os princípios
pedagógicos da inclusão e ludicidade, respeitando as características de
desenvolvimento das crianças, como sugerido pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1998). As práticas foram adaptadas para promover a
participação ativa de todas as crianças, independentemente de suas habilidades
motoras ou limitações, e para estimular a cooperação, a expressão criativa e o
respeito às regras e aos limites do corpo.
Buscamos integrar as perspectivas de diversos teóricos da área da Educação Física
infantil, como Vygotsky, Kishimoto, Freire e Almeida, que defendem a importância do
brincar, da interação e da participação ativa das crianças no processo de
aprendizagem. A abordagem metodológica visa garantir que as práticas corporais
abordadas no estudo sejam não apenas educativas, mas também inclusivas,
respeitosas e adaptadas às necessidades dos alunos.
.
2.1 ANATOMIA FUNCIONAL
.
Na Educação Infantil, as práticas corporais representam um importante campo de
experiências para o desenvolvimento integral das crianças. Compreender a
anatomia funcional durante a infância, especialmente entre os 4 e 6 anos de idade, é
essencial para o planejamento de atividades que respeitem as características do
corpo infantil e favoreçam não apenas o desenvolvimento motor, mas também
aspectos cognitivos, emocionais e sociais.Durante essa fase do desenvolvimento, o
corpo humano passa por transformações rápidas e significativas. Entre os 4 e 6
anos, observa-se um crescimento expressivo em estatura e massa corporal,
acompanhado por alterações nas proporções entre cabeça, tronco e membros
(HAYWOOD; GETCHELL, 2010). O sistema muscular esquelético ainda está em
processo de formação, apresentando ossos mais flexíveis, articulações mais móveis
e menor densidade óssea, o que torna o corpo infantil mais vulnerável a sobrecargas
mecânicas e a possíveis lesões decorrentes de movimentos inadequados ou
repetitivos (OKUDA; BARELA, 2008). .
Portanto, é fundamental oferecer experiências corporais variadas e seguras que
respeitem o ritmo individual de cada criança, proporcionando condições adequadas
para o desenvolvimento motor saudável. Nesse sentido, a anatomia funcional atua
como base para o conhecimento das capacidades e limitações do corpo infantil,
permitindo intervenções pedagógicas mais eficazes. O desenvolvimento das
habilidades motoras pode ser dividido em dois grandes grupos: habilidades motoras
grossas e habilidades motoras finas. As motoras grossas envolvem grandes grupos
musculares e movimentos amplos, como correr, saltar, escalar e arremessar. Já as
habilidades motoras finas exigem maior precisão e coordenação entre olhos e mãos,
como desenhar, recortar e manipular pequenos objetos (GALLAHUE; OZMUN;
GOODWAY, 2013). O desenvolvimento motor é um processo contínuo, cumulativo e
influenciado por fatores genéticos, ambientais e culturais. Crianças de 4 a 6 anos
encontram-se em uma fase sensível e propícia para receber estímulos motores
variados, principalmente através de jogos, brincadeiras e desafios corporais
(VAYE,1992). .
A postura, o equilíbrio e o controle corporal também são aspectos fundamentais
nesse período. A postura adequada está relacionada ao alinhamento corporal, ao
fortalecimento muscular e à capacidade de sustentar o corpo de forma eficiente,
prevenindo dores e compensações musculares (LE BOUCH, 1987). O equilíbrio, por
sua vez, se divide em estático (manter-se parado) e dinâmico (manter o controle
durante o movimento), sendo essencial para o desenvolvimento da coordenação
global. Atividades como o “circuito motor”
, a “amarelinha”
, jogos de imitação e de
equilíbrio sobre bases instáveis contribuem para o aprimoramento dessas
capacidades.Segundo Rosa Neto (2002), crianças que desenvolvem um bom
controle corporal tendem a demonstrar maior autonomia, autoconfiança e facilidade
na interação social, habilidades indispensáveis para a transição para o Ensino
Fundamental.O domínio do próprio corpo, ou seja, da consciência corporal, é um
dos principais pilares para o desenvolvimento da identidade e da autoestima infantil
(FREIRE, 2006). A anatomia funcional do corpo infantil entre os 4 e 6 anos, portanto,
revela-se como uma etapa de grande potencial para o desenvolvimento físico, motor
e psicossocial. Ao compreender essas particularidades, professores e educadores
podem planejar práticas corporais mais seguras, lúdicas e significativas, que
respeitem o crescimento natural da criança e estimulem seu desenvolvimento
integral, em consonância com os princípios da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC, 2017), que destaca a importância das experiências corporais como
dimensões da aprendizagem e do desenvolvimento humano. o
2.2 FISIOLOGIA HUMANA
As práticas corporais na Educação Infantil constituem não apenas uma estratégia
pedagógica, mas um processo essencial para o desenvolvimento fisiológico integral
da criança. A fisiologia humana, nesse contexto, estuda o funcionamento dos
si s t e m a s do co r po di an t e da s de m a n da s de mo v i m en t o , cr e s c i m e nt o e
desenvolvimento que ocorrem de forma intensa entre os 4 e 6 anos de idade. Esse é
um período marcado por profundas mudanças neuro-motoras, cardiovasculares,
respiratórias, musculares e ósseas.Durante a primeira infância, o corpo infantil
apresenta especificidades fisiológicas que devem ser consideradas no planejamento
das atividades físicas. O metabolismo basal da criança é mais elevado do que o do
adulto, o que significa que ela tem uma maior demanda energética mesmo em
repouso (GUYTON & HALL, 2017). Isso favorece a prática constante de movimentos,
já que o gasto energético é natural e necessário para o crescimento saudável.
O sistema cardiovascular ainda está em amadurecimento, com frequência cardíaca
naturalmente mais elevada. Uma criança de 4 a 6 anos pode ter batimentos em
torno de 95 a 110 bpm em repouso (SILVA & NEVES, 2019). A capacidade
respiratória também está em desenvolvimento, o que exige atenção quanto à
intensidade e duração das atividades propostas. Práticas leves e moderadas são as
mais indicadas, pois respeitam os limites fisiológicos e evitam sobrecargas.O
sistema musculo esquelético da criança está em fase de formação, com ossos mais
flexíveis e cartilagens em crescimento contínuo. De acordo com Malina et al. (2004),
o fortalecimento muscular acontece de forma natural a partir de estímulos como
correr, pular, empurrar e escalar. A inserção de práticas corporais que envolvam
deslocamentos, saltos e manipulação de objetos favorece o aumento da força e da
resistência muscular de maneira lúdica e segura.
É importante ressaltar que os músculos das crianças não respondem ao treino da
mesma forma que em adultos. O foco deve estar no desenvolvimento da
coordenação motora grossa e fina, não em ganhos de força máximos. Brincadeiras
como amarelinha, pega-pega, circuitos motores e danças são fundamentais nesse
processo.A maturação do sistema nervoso central também é intensa nesse período.
As sinapses conexões entre neurónios aumentam em número e complexidade,
permitindo uma maior integração entre os sentidos e os movimentos. Segundo
Gallahue & Ozmun (2005), as experiências motoras vivenciadas na infância moldam
permanentemente os circuitos neurológicos responsáveis pela coordenação,
equilíbrio, ritmo e controle corporal.O desenvolvimento da coordenação motora fina
e grossa está diretamente relacionado ao estímulo oferecido. Ao manipular bolas,
cordas ou brinquedos, a criança aprimora sua capacidade de realizar movimentos
precisos, o que impacta positivamente na escrita, na leitura e em outras habilidades
cognitivas.
A prática regular de atividades físicas gera adaptações fisiológicas que vão além do
fortalecimento muscular. Entre os principais benefícios estão: Melhora da
composição corporal: redução do percentual de gordura e aumento da massa
magra (BARROS & GUEDES, 2010).Estímulo ao sistema cardiovascular e
respiratório: aumento da eficiência circulatória.Redução de estresse e ansiedade:
atividades como dança, jogos e brincadeiras melhoram o humor e o comportamento
infantil, reduzindo a liberação de cortisol e aumentando a produção de endorfinas.
Melhora da autoestima e da autoconfiança: por meio de conquistas motoras e
interação social.Desenvolvimento psicomotor: integração entre movimento, emoção
e cognição.As atividades físicas na infância devem respeitar os limites fisiológicos
das crianças. O Ministério da Saúde (2021) classifica a intensidade em leve,
moderada e vigorosa, sendo as duas primeiras as mais recomendadas para crianças
de 4 a 6 anos. Para as crianças, a atividade física é feita principalmente em jogos e
brincadeiras ou em atividades mais estruturadas, como a participação em escolinhas
de esportes e em aulas de educação física. Essas atividades físicas devem ser
alegres, seguras, supervisionadas pelos pais ou responsáveis e professores e
adequadas à idade da criança. Esses cuidados, além de trazerem maior satisfação
para a criança, previnem os acidentes.
A intensidade leve permite que a criança se movimente enquanto conversa ou canta;
já a moderada causa aumento da respiração e dos batimentos, exigindo mais
esforço físico, mas sem causar exaustão.Ao integrar conhecimentos da fisiologia ao
planejamento pedagógico, os educadores ampliam o potencial das práticas
corporais como ferramentas de promoção à saúde e ao desenvolvimento integral.
Atividades bem orientadas contribuem para,fortalecimento ósseo e muscular
aprimoramento da coordenação neuromuscular,estabilização postural,melhoria da
capacidade cardiorrespiratória e a socialização e regulação emocional.Como
afirmam Freire (2006) e Tani (2009), o corpo em movimento na infância não é
apenas um meio de gastar energia, mas um instrumento de aprendizagem,
expressão e construção do sujeito.É importante que as crianças sejam fisicamente
ativas em vários momentos do dia, vivenciando diferentes experiências de
movimento apropriadas à sua fase de desenvolvimento e conforme suas
capacidades.
2.3 LAZER E RECREAÇÃO
As práticas corporais na educação infantil não são apenas momentos de movimento
e diversão: elas representam experiências educativas fundamentais para o
desenvolvimento integral da criança. O lazer e a recreação, nesse contexto,
assumem um papel estruturante, contribuindo para o crescimento físico, social,
emocional e cognitivo das crianças. Com base em fundamentos teóricos e
experiências pedagógicas, compreende-se que a ludicidade, através de brincadeiras,
jogos e dinâmicas, é essencial para a aprendizagem e a construção da identidade
na infância.
Segundo Lev Vygotsky (Martins Fontes, 2007), o lúdico desempenha um papel
essencial na infância ao permitir à criança desenvolver o pensamento simbólico e
expressar suas emoções por meio de jogos simbólicos e faz de conta. O brincar,
para Vygotsky, é uma forma privilegiada de construção de conhecimento. É no jogo
que a criança representa o mundo e o interpreta à sua maneira, transformando
objetos e situações de forma criativa.
Tizuko Kishimoto (2008) complementa essa ideia ao destacar que o brincar não é
apenas uma atividade recreativa, mas uma ação social mediada pela cultura.
Segundo ela,
“a criança, sendo um sujeito ativo, interpreta a cultura por meio da
brincadeira”
, o que reforça a importância da intencionalidade pedagógica no uso das
atividades lúdicas.Além disso, Cordazzo e Vieira (2007) enfatizam que o brincar
promove habilidades sociais, como compartilhar, negociar regras, resolver conflitos e
tolerar frustrações. Tais competências são indispensáveis para o convívio em grupo
e o desenvolvimento emocional saudável.
A prática corporal na infância, quando mediada por experiências de lazer e
recreação, ultrapassa a mera atividade física. Ela se transforma em uma vivência
significativa de interação com o outro e com o ambiente. Conforme afirma Queiroz,
Maciel e Branco (2006),
“o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio
de atividades caracteristicamente humanas, mediadas por ferramentas técnicas e
semióticas”
.
As brincadeiras, por sua vez, são algumas dessas ferramentas, sendo
essenciais na formação do sujeito infantil.
Maria Clélia Guedes de Almeida (apud Almeida, 2008) defende que jogos e
brincadeiras são indispensáveis como instrumentos pedagógicos, especialmente no
contexto da educação inclusiva. Ao estimular o corpo e o pensamento, o lúdico
permite que todas as crianças, independentemente de suas capacidades ou
limitações, participem ativamente dos processos de aprendizagem.No espaço
escolar, as práticas corporais devem ser vistas como direito da criança, conforme
estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1988), que assegura o
acesso ao lazer como uma necessidade básica. Isso implica a oferta de atividades
físicas e recreativas que promovam o bem-estar, a saúde e a formação cidadã
desde os primeiros anos da educação infantil. Brincadeiras como “O Nó Humano” e
“O Espelho”
, por exemplo, desenvolvem não só a coordenação motora e a
percepção corporal, como também habilidades de comunicação, liderança e empatia.
A reflexão proposta após as atividades amplia a consciência das crianças sobre
suas próprias ações e as dos colegas, favorecendo o crescimento coletivo.
Além disso, as práticas corporais podem ser adaptadas para respeitar os diferentes
estágios de desenvolvimento infantil. Para crianças de 3 a 6 anos, jogos que
envolvam correr, saltar, pular e equilibrar são fundamentais para o desenvolvimento
motor, como destaca o Ministério da Saúde no “Guia de Atividade Física para a
População Brasileira” (BRASIL, 2021).Do ponto de vista fisiológico, a prática regular
de atividades corporais promove melhorias na composição corporal, sistema
cardiovascular, coordenação motora grossa e fina, além do fortalecimento muscular
e ósseo (repositório.bc.ufg.br; revistas.usp.br). Como a infância é um período de
intenso crescimento, com metabolismo mais acelerado e o sistema cardiovascular
em desenvolvimento, o cuidado com a intensidade e a qualidade das atividades é
essencial.
Segundo a American Heart Association (2022), o exercício físico em crianças
melhora a saúde do coração e reduz o risco de obesidade, sendo também benéfico
para o desenvolvimento neurocognitivo. A integração entre fisiologia e ludicidade é,
portanto, vital: o corpo em movimento contribui para o amadurecimento cerebral e
emocional.Cabe ao educador ser o mediador entre o lúdico e o educativo,
planejando atividades que respeitem a singularidade das crianças e estimulem suas
potencialidades. Para isso, é necessário reconhecer o brincar como um direito e não
como um simples momento de descontração.A família também tem papel crucial ao
garantir o acesso da criança a momentos de lazer e recreação fora do ambiente
escolar. Conforme destaca o ECA, o lazer deve ser promovido e protegido por todos
os agentes sociais. Assim, quando escola e família caminham juntas, fortalecem os
vínculos afetivos e contribuem para o desenvolvimento integral da criança.
As práticas corporais na infância, quando associadas ao lazer e à recreação,
tornam-se ferramentas poderosas para o desenvolvimento integral das crianças. O
brincar, o movimento, o jogo e a atividade física lúdica são experiências que
favorecem o crescimento saudável, tanto no aspecto físico quanto no emocional e
social. A valorização dessas práticas deve ser um compromisso ético, pedagógico e
social de toda comunidade educativa.
2.4 INTRODUÇÃO À GINASTICA
A Ginástica para todos se apresenta como uma proposta pedagógica inclusiva,
q u e v a l o r i z a a p a r t i c i p a ç ã o d e t o d o s o s s u j e i t o s , r e s p e i t a n d o s u a s
individualidades e promovendo o movimento de forma prazerosa e significativa.
Na Educação Infantil, essa abordagem é essencial, pois contribui para o
desenvolvimento integral da criança, especialmente por meio de experiências
motoras diversificadas. A Educação Física escolar deve promover práticas corporais
que estejam integradas ao contexto social e cultural dos alunos, permitindo a
construção do conhecimento por meio da vivência e da reflexão sobre o movimento.
A ginástica, nessa perspectiva, não deve ser entendida apenas como um conjunto
de técnicas ou repetições estéticas, mas como uma forma de expressão e
apropriação do próprio corpo.
O circuito motor surge como uma estratégia pedagógica eficaz para desenvolver
as habilidades motoras básicas das crianças como correr, saltar, equilibrar-se,
escalar e rastejar de forma lúdica e adaptada à sua faixa etária. Ao organizar
diferentes estações com desafios corporais variados, o circuito promove o
desenvolvimento da coordenação motora, da orientação espacial e temporal, da
autonomia e da consciência corporal. Além disso, essa prática contribui para a
formação de valores como a cooperação, o respeito às regras e a socialização,
estando em consonância com a proposta crítica e transformadora.
Atividades de ginástica adaptadas para crianças desempenha um papel fundamental
na Educação Física escolar, promovendo o desenvolvimento motor, cognitivo e
social dos alunos. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), é
essencial que as atividades sejam planejadas considerando as necessidades e
capacidades individuais das crianças, promovendo a inclusão e a participação de
todos (BRASIL, 1998).
O Coletivo de Autores (1992) enfatiza a importância de compreender a cultura
corporal de movimento como um fenômeno histórico e social, destacando que a
Educação Física deve proporcionar experiências significativas que respeitem as
diversidades e promovam a cidadania. A ginástica, nesse contexto, deve ser
abordada de forma a conscientizar os alunos sobre a presença dos fundamentos
da ginástica no dia a dia, as sensações afetivas e cinestésicas provocadas pelos
movimentos, e a organização de práticas individuais e coletivas. Ainda segundo
Daolio (2004), é necessário romper com visões tecnicistas e hegemónicas da
ginástica, promovendo práticas que envolvam o sentir, o experimentar e o brincar
com o corpo. Essa perspectiva amplia o sentido da ginástica escolar, tornando-a
mais próxima do universo infantil.Algumas atividades recomendadas incluem:
Circuito de Obstáculos: Utilizando cones, cordas e outros materiais, as crianças
enfrentam desafios que estimulam a coordenação motora e o equilíbrio. A variação
dos percursos e dos movimentos permite que todas as crianças participem e se
sintam valorizadas.
Dança das Cadeiras Adaptada: Além de promover o ritmo e a socialização, pode ser
ajustada para incluir movimentos específicos que atendam às necessidades dos
alunos. O uso de músicas diversas favorece o envolvimento afetivo e a expressão
corporal.
Jogos de Imitação: As crianças imitam movimentos de animais ou objetos,
desenvolvendo a criatividade e a consciência corporal. Essa atividade favorece a
imaginação e a construção simbólica do movimento, como destacado por Vygotsky
(1998).
Yoga Infantil: Posturas simples ajudam na concentração, flexibilidade e relaxamento.
Essa prática também contribui para a regulação emocional e o bem-estar, aspectos
fundamentais no processo de ensino-aprendizagem.
Essas atividades, alinhadas às diretrizes dos PCNs e às propostas do Coletivo de
Autores, visam proporcionar uma Educação Física inclusiva, respeitando as
particularidades de cada criança e promovendo o desenvolvimento integral. Além
disso, ao incorporar elementos da ludicidade, do jogo e da expressão corporal, a
ginástica para crianças se torna uma ferramenta pedagógica potente, que fortalece
os vínculos com a escola e com os colegas, promovendo aprendizagens
significativas.
2.5 INTRODUÇÃO À DANÇA
A dança é uma das manifestações mais completas de expressão corporal,
especialmente significativa durante a infância. Trata-se de uma linguagem não
verbal que possibilita à criança expressar seus sentimentos, emoções, ideias e até
histórias, muitas vezes antes mesmo de dominar completamente a linguagem oral
(LABAN, 1978). Nesse contexto, a dança se torna um instrumento essencial para a
comunicação da criança com o mundo e consigo mesma, proporcionando
experiências significativas que promovem o desenvolvimento global. Durante a
primeira infância, o corpo é o principal meio de descoberta, experimentação e
interação com o ambiente. Nesse período, as crianças aprendem explorando o
espaço, manipulando objetos, observando e repetindo movimentos, desenvolvendo
assim uma consciência corporal cada vez mais apurada. A dança, ao integrar
movimento, música, ritmo, expressividade e emoção, favorece diretamente a
construção dessa consciência corporal. Por meio de movimentos livres ou
coreografados, a criança descobre possibilidades de ação, presença e expressão no
espaço.
Além disso, a dança atua sobre importantes habilidades motoras. Ela contribui para
o aprimoramento da coordenação motora ampla e fina, da lateralidade, do equilíbrio,
da percepção espacial e temporal, e do controle postural. Segundo Gallahue,
Ozmun e Goodway (2013), o movimento rítmico, como o que ocorre na dança, é
fundamental para a organização neuromotora da criança. Os autores destacam que
o movimento expressivo auxilia na integração dos estímulos sensoriais, otimizando
os processos de atenção, memória e linguagem corporal.Outro ponto relevante é o
papel da dança no desenvolvimento emocional e social. Ao dançar, a criança
manifesta sentimentos que muitas vezes ainda não sabe nomear. Ela pode
expressar alegria, medo, insegurança ou empolgação através de gestos e ritmos,
encontrando na dança um espaço seguro para vivenciar e elaborar suas emoções.
De acordo com Wallon (2007), as emoções são motores fundamentais da
aprendizagem na infância, e o movimento é uma das formas mais autênticas de
expressão emocional nessa fase.
A dança como linguagem pedagógica do ponto de vista pedagógico, a dança pode
ser trabalhada tanto de forma estruturada (com coreografias simples e planejadas)
quanto de forma livre e criativa (a partir da improvisação e da exploração
espontânea dos movimentos). Ambas as abordagens são válidas, desde que
respeitem as necessidades, interesses e ritmos de desenvolvimento das
crianças.Rudolf Laban (1978), um dos principais teóricos do movimento e da dança,
propôs uma análise dos movimentos corporais baseada em quatro elementos
fundamentais: espaço (direção e alcance do movimento), tempo (velocidade e ritmo),
peso (intensidade e força) e fluxo (continuidade e controle). Trabalhar esses
elementos com as crianças estimula a consciência do corpo em ação e amplia as
possibilidades expressivas e motoras. Essa abordagem pode ser vivenciada por
meio de dinâmicas como movimentos no espaço aberto (andando, correndo ou
pulando com variações de direção).Exploração rítmica com instrumentos sonoros
(como tambores ou palmas).
Brincadeiras com variações de peso (movimentos leves como o voo de uma
borboleta ou pesados como um elefante). Fluxos contínuos ou interrompidos (como
se o corpo estivesse dentro da água ou em um campo magnético).Essas práticas
contribuem também para a formação da identidade corporal da criança, estimulando
a autonomia e a autoconfiança. A dança oferece liberdade de criação e
improvisação, tornando-se uma prática prazerosa que valoriza a individualidade e,
ao mesmo tempo, promove a socialização.A dança, quando incorporada ao
cotidiano da Educação Infantil, amplia as oportunidades de aprendizagem nas
diversas áreas do desenvolvimento.
Desenvolvimento físico: melhora o tônus muscular, a resistência, a coordenação e a
mobilidade articular.Desenvolvimento cognitivo: estimula a memória, a atenção, a
organização de sequências motoras e o raciocínio espacial.Desenvolvimento
emocional: promove o auto-conhecimento, o controle emocional e a expressão de
sentimentos.Desenvolvimento social: fortalece a empatia, o trabalho em grupo, o
respeito às diferenças e a cooperação.Segundo Freire (2006), o corpo deve ser
compreendido como centro da experiência educativa. Ele afirma que “não há
conhecimento que não passe pelo corpo”
, e por isso, práticas como a dança são
fundamentais para que a criança possa vivenciar o mundo com integridade.
Já Ana
Mae Barbosa (2010) defende a arte como linguagem estruturante do pensamento
infantil, sendo a dança um veículo potente para a construção simbólica, estética e
afetiva.Outro aspecto relevante da dança na infância é seu papel cultural. Através de
danças populares, folclóricas, urbanas ou tradicionais, as crianças têm contato com
diferentes manifestações culturais, ampliando sua compreensão de mundo e o
respeito à diversidade. Ao vivenciar danças típicas de diversas regiões, como o frevo,
o maracatu, o samba de roda ou o carimbó, a criança compreende que o corpo
também é um território de memória, história e identidade (MARQUES, 2001).
Assim, a dança se configura como uma linguagem potente e interdisciplinar, capaz
de articular saberes do corpo, da arte, da cultura e da educação. Ela possibilita
experiências ricas de aprendizado, favorecendo a formação de sujeitos críticos,
criativos, sensíveis e ativos.
2.6 INTRODUÇÃO À LUTA
As lutas, historicamente vistas como formas de confronto e combate físico, vêm
sendo ressignificadas dentro do contexto educacional como instrumentos de
desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e ético. Quando inseridas na Educação
Infantil de forma lúdica e pedagógica, as lutas ganham novo significado: tornam-se
ferramentas que favorecem o desenvolvimento integral das crianças, promovendo
disciplina, respeito, autocontrole, socialização e expressão corporal.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), a Educação Física
deve proporcionar experiências corporais diversificadas, incluindo jogos, danças,
esportes, ginástica e lutas, respeitando a faixa etária e as capacidades dos alunos.
No caso das lutas, o enfoque deve ser lúdico e adaptado à realidade infantil,
transformando movimentos de ataque e defesa em dinâmicas corporais que
desenvolvem habilidades motoras, cognitivas e socioemocionais.
De acordo com João Batista Freire (2006), a prática das lutas na escola deve
valorizar a educação do corpo inteiro, isto é, o corpo que sente, pensa, interage e
constrói saberes. Nas atividades de luta, as crianças aprendem a se posicionar
diante do outro com respeito, a lidar com limites, regras e frustrações, construindo,
assim, valores éticos essenciais para a vida em sociedade.
A capoeira, reconhecida como patrimônio cultural brasileiro, é uma das lutas mais
apropriadas para o ambiente escolar infantil. Por sua musicalidade, movimentos
circulares, gingados e interação entre pares, a capoeira possibilita vivências ricas
em ritmo, expressão corporal e identidade cultural. Ela também promove o trabalho
em grupo e desenvolve a escuta, o respeito mútuo e a coordenação
motora.Machado (2005) destaca que o uso da capoeira na escola contribui não
apenas para o desenvolvimento físico, mas também para a construção da
autoestima e do sentimento de pertencimento cultural. Ao praticarem capoeira, as
crianças exploram o corpo em movimento, aprendem a valorizar as manifestações
culturais e vivenciam uma forma de luta que educa para a paz.
O judô, por sua vez, é uma arte marcial japonesa que enfatiza o respeito ao outro, o
autocontrole e a disciplina. Adaptado para a Educação Infantil, o judô pode ser
ensinado por meio de jogos e simulações de movimentos básicos (como rolar,
empurrar e equilibrar-se), sempre de forma segura e supervisionada. O aprendizado
das quedas, dos limites do próprio corpo e do corpo do colega estimula a empatia e
a segurança emocional.Segundo a Confederação Brasileira de Judô (CBJ, 2010), o
judô na infância auxilia no desenvolvimento psicomotor, no controle da
agressividade e na construção de atitudes como persistência, cooperação e respeito
às regras.
As lutas na Educação Infantil também podem ser introduzidas por meio de
brincadeiras que simulam enfrentamentos corporais com regras claras e objetivos
educativos. Exemplos incluem:Cabo de guerra: fortalece o trabalho em equipe, o
equilíbrio e o controle da força.Empurra-empurra com almofadas: trabalha a
coordenação, o respeito ao espaço do outro e a percepção do corpo.Roda do
equilíbrio: onde duas crianças tentam tirar a outra da roda apenas com movimentos
de empurrar (sem agressões), promovendo o respeito, o raciocínio e a força
controlada.
Essas atividades devem ser mediadas por educadores atentos, que orientem a
criança sobre os limites do corpo e a importância da não-violência, incentivando o
cuidado com o outro.As práticas corporais de luta promovem importantes
aprendizagens relacionadas à disciplina, respeito e autocontrole. Quando orientadas
de forma adequada, as lutas ajudam a criança a lidar com a impulsividade, a
frustração e a agressividade, canalizando essas emoções em movimentos corporais
conscientes e regulados.
Nilson José Machado (2005) afirma que a formação ética começa na infância, e é
nas pequenas ações cotidianas — como seguir uma regra de jogo ou respeitar o
tempo do colega — que a criança constrói os primeiros valores morais. Ao vivenciar
situações de disputa simbólica nas lutas, a criança aprende sobre limites,
responsabilidade e justiça.Outro aspecto importante das lutas na Educação Infantil é
a sua aplicabilidade em contextos inclusivos. Crianças com diferentes níveis de
habilidade motora podem participar das dinâmicas, uma vez que os jogos e
simulações podem ser adaptados às necessidades individuais, garantindo a
participação de todos.Segundo o Coletivo de Autores (1992), a Educação Física
deve proporcionar o acesso ao conhecimento da cultura corporal de movimento a
todos os alunos, contribuindo para o desenvolvimento da cidadania. Isso inclui o
direito de brincar, lutar, experimentar e aprender com o corpo — elemento central na
constituição da identidade e da autonomia da criança. A introdução das lutas na
Educação Infantil, quando planejada com intencionalidade pedagógica e
sensibilidade, contribui significativamente para o desenvolvimento integral das
crianças. Capoeira, judô e brincadeiras corporais com regras não apenas
enriquecem o repertório motor, mas também promovem valores essenciais à
convivência, como o respeito, a solidariedade e o autocontrole.Trabalhar as lutas
desde a infância, sob a ótica da ludicidade e da educação corporal, é valorizar a
diversidade cultural e corporal, proporcionando experiências significativas e
prazerosas. Mais do que uma prática física, as lutas se tornam caminhos para a
construção de uma infância ativa, consciente e ética.
3. RESULTADOS
A análise das práticas corporais na Educação Infantil revelou que a incorporação de
atividades lúdicas, como danças, jogos, ginástica e lutas, desempenha um papel
fundamental no desenvolvimento físico, social, emocional e cognitivo das crianças.
Durante o período de observação nas escolas, constatou-se que essas práticas
proporcionaram diversas experiências que facilitaram o aprendizado de habilidades
motoras básicas, como correr, saltar, equilibrar-se e coordenar movimentos, além de
promoverem a socialização e a expressão emocional.Desenvolvimento motor e
cognitivo: As atividades de ginástica, como os circuitos motores e as brincadeiras de
imitação, mostraram-se eficazes para a melhoria da coordenação motora grossa e
fina das crianças. Atividades como saltar, rastejar e equilibrar-se ajudaram as
crianças a se conscientizarem do espaço, do movimento corporal e a desenvolverem
autonomia e confiança em suas habilidades físicas. Além disso, a capacidade de
resolver problemas simples, como superar obstáculos ou seguir regras de jogos,
contribuiu para o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Desenvolvimento social e emocional: A implementação de jogos coletivos e
atividades de luta adaptadas, como o cabo de guerra e a capoeira, promoveu uma
maior cooperação entre as crianças, ajudando a fortalecer laços de amizade e
respeito mútuo. Observou-se que a interação entre pares foi favorecida, com as
crianças aprendendo a lidar com frustrações, respeitar limites e trabalhar em equipe.
A prática da capoeira, especialmente, foi destacada como uma atividade que
proporcionou uma forte conexão com a identidade cultural das crianças, ao mesmo
tempo em que desenvolveu habilidades como o ritmo, a coordenação e o trabalho
colaborativo.Inclusão e diversidade: As atividades corporais, quando adaptadas à
diversidade das crianças e respeitando suas individualidades, mostraram ser
altamente inclusivas. Crianças com diferentes níveis de habilidade motora
participaram ativamente das atividades, e os educadores foram capazes de adaptar
os desafios de forma que todas as crianças se sentissem valorizadas e integradas
ao grupo. Isso demonstra que, ao incorporar atividades que considerem as
necessidades específicas de cada criança, a escola pode promover uma verdadeira
educação inclusiva.
Em relação à fisiologia, as práticas corporais também tiveram um impacto positivo na
saúde física das crianças, promovendo melhorias na resistência cardiovascular,
força muscular e no desenvolvimento do equilíbrio e da flexibilidade. A atividade
física regular, associada a brincadeiras e jogos, favoreceu o fortalecimento do
sistema muscular e ósseo, conforme sugerido pela literatura sobre os benefícios das
práticas corporais para crianças em fase de crescimento.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho abordou a importância das práticas corporais na Educação Infantil,
com foco na dança, anatomia funcional, fisiologia humana, lazer, ginástica e lutas. A
pesquisa demonstrou que essas práticas desempenham um papel crucial no
desenvolvimento integral das crianças, impactando positivamente suas habilidades
motoras, cognitivas, sociais e emocionais. Além disso, ficou claro que o movimento,
o jogo e a atividade física devem ser entendidos não apenas como momentos de
descontração, mas como ferramentas pedagógicas essenciais para a formação de
cidadãos saudáveis, criativos e conscientes.A partir das observações realizadas,
conclui-se que a ludicidade é um dos elementos centrais do processo educativo,
proporcionando aprendizagens significativas e favorecendo a construção da
identidade da criança. As práticas corporais são particularmente eficazes quando
são realizadas de maneira inclusiva e adaptada, respeitando as necessidades
individuais de cada aluno e promovendo a participação ativa de todos,
independentemente de suas habilidades.
O lúdico, aliado à intencionalidade pedagógica, deve ser o ponto de partida para
qualquer atividade na Educação Infantil, garantindo que as crianças não apenas se
desenvolvam fisicamente, mas também adquiram habilidades sociais e emocionais
essenciais para seu crescimento. As práticas de ginástica e lutas adaptadas foram
identificadas como atividades importantes para o fortalecimento do corpo e da mente
das crianças, além de promoverem valores como respeito, disciplina, empatia e
trabalho em equipe.A pesquisa também reforça que a colaboração entre escola e
família é essencial para o sucesso das práticas de lazer e recreação. Quando essas
práticas são valorizadas no ambiente familiar, as crianças se sentem mais motivadas
e estimuladas a participar ativamente das atividades propostas. A integração entre
os dois ambientes fortalece o processo de desenvolvimento e aprendizagem das
crianças, criando um contexto mais favorável para a construção de uma infância
plena e saudável.
Por fim, é importante destacar que a Educação Física, ao integrar as práticas
corporais na rotina escolar da Educação Infantil, deve sempre considerar o contexto
social, cultural e emocional das crianças. A educação, nesse sentido, deve ser
pensada de maneira holística, visando o bem-estar e a formação integral dos alunos,
respeitando sua individualidade e suas particularidades. O trabalho pedagógico
realizado na Educação Infantil, por meio dessas práticas, deve ser sempre pautado
por princípios éticos e inclusivos, promovendo um ambiente saudável, colaborativo e
enriquecedor para todas as crianças.